Hoje fui à Feira de Santiago, em Setúbal. Vim para casa carregada de alcofas (que comprei, não trouxe à consignação!) e com alguma tristeza, por ter percebido que o fabrico destes objectos está à beira da extinção. Na conversa que tive com a vendedora, soube que noutros tempos trabalhavam para ela trinta e oito mulheres, hoje em dia, trabalham apenas quatro. Soube também que são mulheres na casa dos setenta que fazem estas alcofas, e que quando morrerem não existirão continuadores... Este discurso não me é estranho, porque há poucas semanas estive em Gonçalo, perto da Guarda, a terra dos cesteiros (de verga e vime), e o mote foi o mesmo, dantes eram 400, e vendiam, hoje são 10 e não vendem, para além disso, também não há continuadores desta actividade.
É pena... Estou de facto interessada em trabalhar sobre estes objectos, os que fazem parte da nossa tradição, que são realmente artesanais, e que se hoje em dia, não têm as funções que tiveram, podem ser reinventados.
Será que estou a trabalhar sobre as últimas alcofas tradicionais, ou será que o facto de as "vestir" poderá contribuir para que não desapareçam?